
Bem, para ser sincero, eu nunca fui leitor assíduo do JB. Infelizmente não vivi na época do chamado "Velho JB". Recordo-me apenas de tê-lo feito na época das Olimpíadas de Barcelona, em 1992, adolescente, para colecionar o caderno especial dos jogos; nos meses que antecederam o vestibular, para ficar atualizado no quesito "conhecimentos gerais"; e mais recentemente, em 2006, quando o jornal passou a ser impresso no formato tabloide e ficou, digamos, mais popular - por curiosidade. De qualquer forma, merece todas as homenagens.
Fundado no século retrasado (!), em 1891, o legítimo JB, aos 119 anos, que ostenta o título de ter sido o primeiro jornal brasileiro na internet, o que concretizou em 1995, deixará de ser impresso e distribuído em papel para habitar exclusivamente a rede internacional de computadores. O motivo é "um recurso para superar os problemas financeiros da empresa. O passivo acumulado chega a R$ 800 milhões, em dívidas trabalhistas e fiscais" (Estadão).
O fim do JB impresso repercute no Twitter com algumas pessoas fazendo piada que mais uma vez o jornal estaria sendo pioneiro. Não verdade. A combativa Tribuna da Imprensa (aqui a versão online) que admirei muito mais que ao JB circulou pela última vez no dia 01 de dezembro de 2008 "com um editorial ocupando toda a primeira página, assinado pelo jornalista Hélio Fernandes" (Observatório da Imprensa). Se bem que Helio Fernandes disse numa entrevista que essa interrupção é momentanea: "Pode ser cinco dias, cinco meses, cinco anos..." (Observatório da Imprensa).
Na versão em HTML da derradeira edição que não encontrei hoje nas bancas, o jornalista Franklin Martins, atual Ministro da Comunicação Social, disse acreditar que, em cerca 25 anos, "todos os jornais deixarão o papel, transferindo-se para o meio digital" (Jornal do Brasil, 31 ago. 2010. p. 3). Será?
A episódio mais marcante do jornal do Brasil, que aprendi nos bancos escolares, é contado hoje com propriedade na matéria do Estadão: "O Jornal do Brasil é responsável por edições memoráveis da história da imprensa brasileira, principalmente no período da ditadura militar. Ficou famosa sua edição de 14 de dezembro de 1968, sobre o AI-5.
Para burlar a censura imposta pelos militares, publicou na primeira página, uma fictícia previsão do tempo. 'Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos. Máx.: 38º em Brasília. Mín.: 5º, nas Laranjeiras.' Na mesma edição, à direita, uma chamada para uma efeméride: 'Ontem foi o Dia dos Cegos'".
Aplausos ao Jornal do Brasil, que amanhã não estará nas bancas. Só aqui.