Ponto de vista - 23 out. 2011
Destaco a matéria assinada por Claudio de Souza, sob o título "Integração de pedais e trilhos longe do ideal", publicada hoje n'O GLOBO em continuação da série de reportagens "Vou de Bicicleta". Publicamos aqui, o texto da versão on-line. O grifo é nosso:

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), feita a pedido do Globo, em setembro, a falta de integração com outros meios de transporte é apontada por 5,6% dos cariocas como um dos principais motivos para não usar a bicicleta para ir ao trabalho ou percorrer distâncias maiores. Para o diretor da ONG Transporte Ativo, José Lobo, o Rio ainda está em uma fase inicial da integração.
- Em algumas cidades do norte da Europa, quase 50% dos acessos às estações de trem e metrô são feitos por bicicletas - afirmou.
Nos trens, das 98 estações, apenas nove, ou cerca de 9%, dispõem de bicicletários e o transporte de bicicletas nos vagões ainda não é permitido. A concessionária SuperVia afirma que, até o fim do ano, vai liberar o transporte de bicicletas nos trens aos domingos e feriados, além de inaugurar bicicletários em mais três estações.
O bombeiro civil, Marcos Brito, reclama, no entanto, da falta de segurança no bicicletário da estação ferroviária de Inhoaíba, na Zona Oeste. Ele parou de usar o serviço após ter sua bicicleta furtada.
- Minha mulher ainda deixa a bicicleta na estação para pegar o trem, mas a dela é velha. A minha, que é mais nova, não deixo. Prefiro usar o ônibus - diz o morador de Inhoaíba.
A SuperVia informou que todos os bicicletários estão fora das estações e que, como os espaços são públicos, "não exerce a guarda sobre as bicicletas deixadas".
Na rede do Metrô Rio, os bicicletários ficam dentro das estações, na área exclusiva a quem já passou pelas roletas. Das 35 estações, 11 (31%) têm bicicletários.
O diretor de Relações Institucionais do Metrô Rio, Joubert Flores, diz que a companhia planeja instalar áreas para bicicletas em mais 19 estações, aumentando a cobertura para 85% da rede da concessionária. O prazo para a conclusão dos novos bicicletários, no entanto, não foi informado.
- Só não vamos instalar em todas as estações já existentes porque em algumas não há espaço - afirma Flores, lembrando que, aos sábados, domingos e feriados, a companhia permite o transporte gratuito de bicicletas nos últimos vagões das composições.
O balconista Ulisses Paulo Geronima Maia, morador de Vilar dos Teles, usa diariamente o bicicletário da estação Pavuna, do metrô, de onde embarca para trabalhar em Copacabana.
- Uso a bicicleta até nos dias de chuva. Além de fazer exercício, economizo o dinheiro do ônibus que teria de pegar até a estação - afirmou ele, que pedala 30 minutos e fica mais uma hora no metrô até o trabalho.
O caseiro Edmilson Ferreira, morador de Coelho da Rocha, faz o mesmo para ir trabalhar. Ele pedala por 30 minutos até a Estação Pavuna e leva mais duas horas de metrô e ônibus da integração até a Barra.
- Antes mesmo de ter bicicletário, eu já vinha de bicicleta e deixava na rua para economizar.
Nas barcas, os bicicletários estão do lado de fora de quatro das cinco estações (Charitas, Araribóia, Paquetá e Cocotá). A Barcas SA informou que estuda instalar também na Praça XV. O transporte de bicicletas é permitido nas linhas que ligam a Praça XV a Cocotá (grátis), a Araribóia (R$ 4,70, nos dias úteis, e grátis, nos fins de semana) e a Paquetá (R$ 4,70, todos os dias). As dobráveis podem ser levadas de graça em qualquer trajeto."