terça-feira, 19 de junho de 2012

Livros antes probidos, hoje populares


Desde o século XVI até 1966, a Igreja Católica manteve o chamado Índice dos Livros Proibidos (Index Librorum Prohibitorum), uma lista de publicações literárias proibidas aos católicos. Vários eram os motivos de censura dessas obras segundo o julgamento do clero: deficiência moral, heresia, incorreção política, sexualidade explícita, etc.

Expoentes dos movimentos chamados de Humanismo e do Renascimento, muitos desses livros são verdadeiros clássicos universais (a proibição, seja ela qual for, sempre ajuda a alavancar o sucesso de uma obra); e a editora Martin Claret é uma das grandes responsáveis pela popularização dessas obras que, longe da proibição de tempos idos, hoje são de domínio publico e fácil acesso. Somente neste mês de junho, a editora lançou o Leviatã, de Thomas Hobbes, escritor que teve todas as obras listadas no Index; e o Elogio da loucura, de Erasmo de Rotterdam (uma região da atual Holanda), cujas obras tiveram o mesmo destino, só que depois de seu falecimento. E até mesmo, Jean de La Fontaine, autor do qual a editora publica Fábulas, teve a sua obra Contes et Nouvelles lançada na lista dos livros proibidos.

Escritor, filósofo e teólogo católico, Erasmo escreveu "O Elogio da Loucura" como homenagem a Thomas More (autor de A Utopia), outros famoso católico, seu grande amigo. Sua obra máxima fez grande sucesso à época de seu lançamento e continua atual. Nela denuncia males como hipocrisia, a ingratidão e a intolerância; e, apesar, de suas denúncias se situarem em um ponto equidistante entre o catolicismo e o protestantismo, sua obra é considerada uma das inspirações para este último.

O inglês Thommas Hobbes, por sua vez, foi um dos principais teóricos do absolutismo. Ele sustentava que sem um governo forte e eficiente, os homens não respeitariam os limites necessários a uma boa convivência social. Daí que cunhou a expressão “o homem é o lobo do homem”. Na sua ideia do “contrato social”, o Estado seria um mal necessário, um aparato administrativo monstruoso capaz de assegurar que os indivíduos teriam um comportamento social mais pacífico.

Confira as sinopses:



Elogio da loucura nº 37

Erasmo de Rotterdam – Coleção A obra-prima de cada autor

Escrito em 1509 e publicado em 1511, Elogio da loucura é considerado um dos mais importantes livros da civilização ocidental e um grande influenciador da Reforma Protestante.
Neste ensaio singular, repleto de alusões clássicas, escritas no estilo típico dos humanistas do Renascimento – em que a loucura é a narradora que ao longo do texto vai mostrando o quanto está presente no mundo dos homens e que, no fundo, é quem torna a vida mais branda e suportável –, Erasmo critica o ensino da Escolástica, os falsos sábios distanciados da vida simples, a suntuosidade do alto clero em contraste com os ensinamentos de Cristo, a hipocrisia das instituições humanas e as guerras.
Uma das grandes obras do Renascimento, Elogio da loucura influenciou o processo das profundas transformações que marcaram o fim da Idade Média e início da Idade Moderna.
Código do Produto: 9788572327541
 ISBN: 978-85-7232-754-1



Leviatã nº 1

Thomas Hobbes – Coleção A obra-prima de cada autor – Série Ouro

Leviatã (1651) é a mais importante criação de Thomas Hobbes e considerada por muitos sua obra-prima.
A filosofia de Hobbes, especialmente sua teoria a respeito da origem contratual do Estado, exerceu profunda influência no pensamento de Rousseau, Kant e dos enciclopedistas. Além disso, contribuiu para preparar, no plano ideológico, o advento da Revolução Francesa.
Partidário do absolutismo político, defende-o sem recorrer à noção do “direito divino”.
Segundo o filósofo, a primeira lei natural do homem é a da autopreservação, que o induz a impor-se sobre os demais – “guerra de todos contra todos”. Leviatã é, sem dúvida, leitura obrigatória para os interessados em filosofia.
Código do Produto: 9788572327626
ISBN: 978-85-7232-762-6

Os outros lançamento você  encontra no blog da editora Martin Claret.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

“Rio Cidade Paisagem”, exposição na Biblioteca Nacional

Ponto de vista - 13 jun. 2012

Visitar a Biblioteca Nacional, no Centro do Rio de Janeiro, é sempre um ótimo programa. Mariana Moreira em matéria intitulada "Outros olhares sobre a paisagem do Rio", publicada hoje na página 2 do Segundo Caderno d'O GLOBO, dá destaque à exposição “Rio Cidade Paisagem”. Você não pode perder! 


Os grifos são nossos:


"Um primeiro encontro com a cidade. Essa é a sensação que as obras da exposição “Rio Cidade Paisagem” pretendem causar em quem for visitar a mostra, a partir de hoje até o dia 5 de agosto, na Biblioteca Nacional, no Centro. A exposição é uma viagem pela história da transformação natural e urbana da paisagem da cidade, ao longo de quatro séculos, por meio de fotografias, mapas, gravuras, documentos, partituras, jornais e trechos de filmes do acervo da biblioteca.


As 150 obras que compõem a exposição foram selecionadas pelos curadores Ana Luiza Nobre, historiadora e arquiteta; Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, pesquisador da Divisão de Iconografia da BN: e Sérgio Besserman Vianna, economista e presidente do Grupo de Trabalho da Prefeitura para a Rio+20. Não por acaso, o primeiro dia da exposição coincide com o início da Conferência das Nações Unidas pelo Desenvolvimento. A função de Besserman na curadoria é harmonizar a temática da exposição com o período de debates sobre sustentabilidade e preservação do meio ambiente que envolve a cidade no momento.


— O Rio expressa o desafio do desenvolvimento sustentável. É encontro de mar com montanha, pobreza com riqueza, aqui todos se encontram. A exposição mostra as principais intervenções urbanas, o que elas tiveram de bom e de ruim. E, ao expor isso, mostramos que a responsabilidade que é de todos. Temos que criar um Rio+Sempre — afirma Besserman, que tem boas expectativas para o evento.





A ideia da exposição, como explica Ana Luiza, é desconstruir o olhar viciado na beleza do Rio e expandir o conceito de paisagem para além das lagoas e praias, como jornais de bairros do início do século XX.


A obra mais antiga que o visitante encontrará é um desenho da Baía de Guanabara feito pelo aventureiro alemão Hans Staden em 1557, reproduzido no livro “Duas viagens ao Brasil”. O desenho é considerado uns dos primeiros registros da Baía.


Além do rico material cartográfico, há as imagens de Augusto Malta (1864-1957) e Marc Ferrez (1843-1923), que fotografaram a cidade no início do século XX. Esses trabalhos se juntam ao dos fotógrafos Bernardo San Martin e Raul Lima.


— Abrimos a exposição com uma panorâmica de Raul Lima, feita nos anos 1960. E é uma imagem histórica porque foi feita com uma câmera comprada pelo pai dele, Epaminondas Lima, de Augusto Malta — destaca Joaquim Marçal."

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cândidos eleitores e candidatos alavancas

Ponto de vista - 11 jun. 2012

Às vésperas de mais um periodo eleitoral, foi muito oportuno o artigo de Frei Betto - intitulado "O candidato ingênuo" - publicado ontem (10 jun. 2012) na página 24 d'O DIA. Os grifos são nossos:


"Candidato, palavra que deriva de cândido, íntegro. Quem dera a maioria correspondesse a essa etimologia... A ingenuidade de muitos candidatos a vereador se desfaz quando, convidado a concorrer às eleições, acredita que, se eleito, não será ‘como os outros’ e prestará excelente serviço ao município.

O que poucos candidatos desconfiam é que servem de escada para a vitória eleitoral de políticos que eles criticam. Para se eleger vereador ou deputado estadual ou federal, é preciso obter quociente eleitoral — e aqui reside o pulo do gato. Cândidos eleitores imaginam que são empossados os candidatos que recebem mais votos. Ledo engano. É muito difícil um único candidato obter, sozinho, votos suficientes para preencher o quociente eleitoral. A Justiça Eleitoral soma os votos de todos os candidatos do mesmo partido, mais os votos dados apenas ao partido, sem indicação de candidato.

Ora, se você pensa em ser candidato, fique de olho. Pode ser que esteja servindo de degrau para a ascensão de candidatos cuja prática política você condena, como a falta de ética. Enquanto não houver reforma política, o sistema eleitoral funciona assim: muitos novos candidatos reelegem os mesmos políticos de sempre!

Como alerta o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, "mais frequentes são a derrota e a frustração de pessoas bem-intencionadas, mas desinformadas. Ao se apresentar como candidatas, elas mobilizam familiares, amigos e vizinhos para a campanha. Terminadas as eleições, perceberá que sua votação só serviu para engordar o quociente eleitoral do partido ou da coligação... Descobrem, tarde demais, que eram apenas 'candidatos alavancas’”.

Convém ter presente que o nosso voto vai, primeiro, para o partido e, depois, para o candidato.
"


sábado, 2 de junho de 2012

A rede social e a promoção da leitura


Ontem (1º de junho), a leitura e a literatura foram destaques na Internet. Promovida pelo site Skoob, a tralha (hashtag) #JunhoSK alcançou a lista dos “Assuntos do momento” (Trending Topics) no Twitter quando os usuários dessa rede social passaram a divulgar quais livros estavam lendo na abertura do mês.

O Skoob – books (livros) de trás para frente – é uma rede social que se apresenta como “a maior comunidade de leitores do Brasil”. Nela, montando a sua própria estante virtual (álbum de capas de livros); e, catalogando aqueles que leu ou pretender ler; o usuário pode, ainda, dar notas aos livros, compartilhar resenhas, combinar trocas de livros via correios. Uma excelente ferramenta para descobrir novos livros, autores, editoras; e até fazer novos amigos.

Temos observado que mais pessoas têm manifestado o hábito da leitura; exatamente a mesma impressão que Beth Serra manifestou num artigo publicado em abril, na edição dominical de um jornal de grande circulação - o que contrasta com a pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro que diz que o brasileiro tem lido cada vez menos.

Sabemos bem que quantidade de livros não é quantidade de páginas: Vários dos livros que estão nas listas de mais vendidos há várias semanas são verdadeiros calhamaços. Um dos volumes de uma dessas séries juvenis – “As Crônicas de Gelo e Fogo”, de George R. R. Martin – beira um total de novecentas páginas!

Entretanto, para que não haja um hiato nesse crescimento a olho nu, a promoção da leitura deve ser incessante e atacar em todas as faixas etárias, pois a criança só crescerá aprendendo a gostar de ler, se ver os adultos praticando o mesmo hábito saudável; da mesma forma que uma torcida do clube de futebol que cresce pela ação dos pais que vestem a camisa do time e presenteiam seus filhos com ela desde o berço. Se assim for com o livro, conseguiremos outros maracanãs de leitores.