Ponto de vista - 30 jul. 2011
Maldita corrupção
Em seu artigo intitulado "Casamento maldito", publicado hoje n'O GLOBO (p. 7), o senador Cristovam Buarque fala do casamento da impunidade jurídica e a falta de valores morais, que gera a corrupção; o que gera a desesperança dos jovens pela política. O grifo é nosso:
" (...) Coincidindo a impunidade jurídica e a falta de valores morais, a corrupção torna-se um filho natural da política e gera netos hediondos, tais como estradas paradas, porque a licitação foi burlada; alunos sem merenda, por causa do desvio de verbas; uma empresa escolhida no lugar de outra, porque pagou propina. Um triste produto desse casamento é a quebra da confiança nos políticos e a recusa dos jovens de ingressarem na política.
Ainda pior é quando os mais velhos olham com desconfiança para os jovens que desejam fazer política, como se eles quisessem obter vantagens, e não oferecer sacrifício ao país. A política fica sem dignidade, e os líderes que deveriam ser exemplos são vistos como aproveitadores. Quando as bandeiras tradicionais morrem antes de serem substituídas por novas e a impunidade coincide com um marco jurídico impotente para enfrentar e combater a corrupção, o país entra em crise de credibilidade.
É necessário romper esse casamento maldito, acabando com a impunidade e consolidando novas bandeiras. Mas vivemos em um tempo em que as bandeiras morrem antes que novas surjam. As ideias só se transformam em causas quando o povo as entende e aceita. Mas hoje a população está dividida entre uma parte pobre interessada apenas na solução dos problemas imediatos e uma parte rica desejosa de manter os benefícios aos quais está acostumada graças a um modelo de sociedade e economia que já não têm mais como manter tantos privilégios".
Em seu artigo intitulado "Casamento maldito", publicado hoje n'O GLOBO (p. 7), o senador Cristovam Buarque fala do casamento da impunidade jurídica e a falta de valores morais, que gera a corrupção; o que gera a desesperança dos jovens pela política. O grifo é nosso:
" (...) Coincidindo a impunidade jurídica e a falta de valores morais, a corrupção torna-se um filho natural da política e gera netos hediondos, tais como estradas paradas, porque a licitação foi burlada; alunos sem merenda, por causa do desvio de verbas; uma empresa escolhida no lugar de outra, porque pagou propina. Um triste produto desse casamento é a quebra da confiança nos políticos e a recusa dos jovens de ingressarem na política.
Ainda pior é quando os mais velhos olham com desconfiança para os jovens que desejam fazer política, como se eles quisessem obter vantagens, e não oferecer sacrifício ao país. A política fica sem dignidade, e os líderes que deveriam ser exemplos são vistos como aproveitadores. Quando as bandeiras tradicionais morrem antes de serem substituídas por novas e a impunidade coincide com um marco jurídico impotente para enfrentar e combater a corrupção, o país entra em crise de credibilidade.
É necessário romper esse casamento maldito, acabando com a impunidade e consolidando novas bandeiras. Mas vivemos em um tempo em que as bandeiras morrem antes que novas surjam. As ideias só se transformam em causas quando o povo as entende e aceita. Mas hoje a população está dividida entre uma parte pobre interessada apenas na solução dos problemas imediatos e uma parte rica desejosa de manter os benefícios aos quais está acostumada graças a um modelo de sociedade e economia que já não têm mais como manter tantos privilégios".
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Carnaval na Quaresma?
Na mesma página 7 d'O GLOBO, foi publicado um artigo do pesquisador da história do Carnaval do Rio de Janeiro Hiram Araújo, intitulado "Carnaval com data fixa".
Ele começa:
"O Brasil é o único páis o carnaval é um rito nacional, sendo simultanemante comemorado em todas as cidades brasileiras".
Em seguida, ele dá exemplos de cidades onde a festa "acontece de acordo com os interesses cilmáticos, e econômicos e turísticos"; e defende que, como o carnaval é uma festã pagã, não deveria ser definida pelo calendário católico.
Ele termina o artigo da seguinte forma:
"Assim funcionou no princípio. No Brasil, no tempo da colonização, se confundia carnaval com a festa religiosa católica. Mas o carnaval evoluiu e no mundo tornou outro rumo inteiramente diverso da religião. Apenas no Brasil permaneceu a data ligada ao calendário religioso. É um equívoco: o carnaval hoje é uma festa ligada aos interesses econômicos e turísticos, entre nós. O carnaval quando cai no principio de fevereiro é um desastre econômico para cidade, pois encurtamos a permanência de foliões e visitantes na cidade, deixando de funcionar o comércio e a indústria hoteleira. Melhor seria ter o carnaval com data fixa, no primeiro domingo de março".
Se um dia decidirem, por lei, fazer como ele sugere, corre-se o risco do Carnaval fixo acontecer em plena Quaresma dos católicos - período dos quarenta dias que antecedem a Páscoa, marcados pela moderação e pelo recolhimento espiritual. E não há, em nome da modernidade, como apagar a tradição católica do país. Daria pano pra manga.
Na mesma página 7 d'O GLOBO, foi publicado um artigo do pesquisador da história do Carnaval do Rio de Janeiro Hiram Araújo, intitulado "Carnaval com data fixa".
Ele começa:
"O Brasil é o único páis o carnaval é um rito nacional, sendo simultanemante comemorado em todas as cidades brasileiras".
Em seguida, ele dá exemplos de cidades onde a festa "acontece de acordo com os interesses cilmáticos, e econômicos e turísticos"; e defende que, como o carnaval é uma festã pagã, não deveria ser definida pelo calendário católico.
Ele termina o artigo da seguinte forma:
"Assim funcionou no princípio. No Brasil, no tempo da colonização, se confundia carnaval com a festa religiosa católica. Mas o carnaval evoluiu e no mundo tornou outro rumo inteiramente diverso da religião. Apenas no Brasil permaneceu a data ligada ao calendário religioso. É um equívoco: o carnaval hoje é uma festa ligada aos interesses econômicos e turísticos, entre nós. O carnaval quando cai no principio de fevereiro é um desastre econômico para cidade, pois encurtamos a permanência de foliões e visitantes na cidade, deixando de funcionar o comércio e a indústria hoteleira. Melhor seria ter o carnaval com data fixa, no primeiro domingo de março".
Se um dia decidirem, por lei, fazer como ele sugere, corre-se o risco do Carnaval fixo acontecer em plena Quaresma dos católicos - período dos quarenta dias que antecedem a Páscoa, marcados pela moderação e pelo recolhimento espiritual. E não há, em nome da modernidade, como apagar a tradição católica do país. Daria pano pra manga.