Ponto de vista - 29 jul. 2011
De pernas para o ar
O mundo ficou louco? Também me faço a mesma pergunta do jornalista Gail Scriver, que publicou o artigo intitulado "O ano em que ficamos vulneráveis", hoje, n'O GLOBO (p. 6):
"O mundo ficou louco? Os EUA, a maior potência, mantêm os mercados de todo o mundo com a respiração presa enquanto lutam contra o relógio para evitar o calote. Um cenário inimaginável.
O euro, até há alguns anos a grande promessa, enfrenta sua maior encruzilhada devido à crise da dívida soberana, uma doença cujo contágio se espalha implacavelmente de um país a
outro, apesar dos desesperados esforços (e bilhões de euros de resgate) da União Europeia.
A América Latina, que era uma virtual pária para os investidores, começa a ser considerada uma estrela, uma ilha de estabilidade e refúgio.
A Noruega, o país do Prêmio Nobel da Paz, o paraíso da tolerância e do respeito, acaba de ser sacudida por um sangrento atentado duplo que poderá mudar para sempre sua imagem. A vista das aprazíveis ruas do centro de Oslo convertidas num dantesco cenário mais digno do Iraque marcará o antes e o depois num país que parece ter perdido a inocência. O mesmo vale para uma Europa que, da noite para o dia, se descobriu vulnerável, não ao terrorismo islâmico, mas ao de extrema direita.
(...)
O mundo árabe, onde os ditadores passavam décadas e décadas confiantes que seguiriam firmes em seus tronos, se viu sacudido por um terremoto, mas de outras características: uma inesperada brisa democrática que se converteu num furacão terminou por varrer líderes autoritários desde a Tunísia ao Egito. A indignação popular e a fúria contra a velha guarda, encabeçadas por jovens e impulsionadas pelas redes sociais, se propagaram a países como Líbia, Iêmen, Síria e, inclusive, Arábia Saudita.
Mas a indignação dos jovens não se limitou ao mundo árabe. Também os líderes europeus, desde José Luis Zapatero até David Cameron, passando por Nicolas Sarkozy e Silvio Berlusconi, se converteram em alvo de fúria de uma nova e heterogênea massa de “indignados”, numa espécie de “que se vão todos!” similar ao que se viveu na Argentina há uma década, o que também parecia inimaginável nas estáveis democracias europeias. O som das caçarolas retumbando nas ruas de Madri, Atenas e Roma? Incrível. (...)"
* * * * *
Livro de qualquer jeito
Outro artigo de hoje que me chamou atenção, foi o do publicitário e escritor Adilson Xavier, intitulado "De que livro estamos falando?" (p. 25). Ele opina que não há porque ser pessimista com o advento do livro digital. É só uma nova forma de ler. O importante é disseminar o conhecimento:
"Um livro escrito à mão é um livro. Um livro impresso é um livro. Um livro digital é um livro. Não depende de capa, de hardware, sofisticação gráfica, nem tecnológica. Gertrude Stein diria que um livro é o que é: ideia manifestada por escrito ou imagens.
(...) Há tanto fascínio com a tecnologia que nos esquecemos de atentar para o seu verdadeiro papel, de facilitadora. (...)
São abundantes as manifestações pessimistas que enxergam apenas sinais de declínio do livro. Só vejo ascensão em tudo isso. Nunca se leu e se escreveu tanto como atualmente. Nunca a linguagem escrita foi tão relevante, usada até nos celulares. Estamos reforçando o hábito da leitura e a consequência é a redescoberta do prazer de ler. (...)"
Nenhum comentário:
Postar um comentário