sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Agentes de leitura

Ponto de vista - 19 ago. 2011

Destaco da leitura diária do jornal, a reportagem da coluna Por dentro do Globo, intitulada "Batalhão pela leitura", na página 2 d'O GLOBO. A mesma relata sobre um projeto do governo federal que, para ser excelente, precisa sair do papel de verdade. O grifo é nosso:

"Inspirado nos agentes de saúde da família, o Ministério da Cultura pretende lançar um batalhão de mais de 3 mil "agentes de leitura" pelo país. O programa, também intitulado Agentes de Leitura, começou a ser implementado em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e o trabalho dos jovens agentes é percorrer os bairros pobres da periferia, com muitos livros a tiracolo, apresentando o prazer da leitura para crianças e adultos dentro de suas próprias casas.

Durante três dias, os repórteres Gilberto Scofield Jr e Márcia Abos e os fotógrafos Michel Filho e Eliária Andrade acompanharam de perto o trabalho destes jovens, observando as atividades de formação, suas visitas às casas de famílias e a atuação em cursos de alfabetização de adultos. A reportagem ganhou a capa do Prosa & Verso deste sábado.

— Nunca tinha visto algo assim. Numa das atividades de formação, o escritor Ilan Brenman mostrou aos jovens agentes como você pode despertar o interesse de uma pessoa pelo livro. A coisa mais legal que ele disse é que a classe social de seus ouvintes não determina a escolha dos livros. Não há discriminação, ou seja, não se conta uma história mais "fácil" porque o ouvinte é da periferia — diz Márcia, confessando que jamais esquecerá a alegria dos agentes que ganharam livros num sorteio. — Era como se tivessem ganhado na loteria.

A reportagem conta as histórias de superação dos agentes— que normalmente trabalham em suas próprias comunidades e enfrentam problemas comuns a elas (num dos locais, a equipe do GLOBO foi abordada por um "olheiro" do tráfico de drogas que queria saber o que estavam fazendo lá) — e das pessoas que tiveram a vida modificada pelo simples ato de ler um livro. Um prazer que ainda está distante de ser uma realidade acessível para todos os brasileiros.

— A proposta é interessante e inspiradora. Mas para que dê certo é preciso que ela tenha continuidade e que estes novos leitores tenham acesso a livros — observa Scofield".

* * * * *

Eu disse, na apresentação, que o projeto precisa sair do papel de verdade porque em junho de 2010 foi lançado um edital de seleção para tais agentes de leitura em Nilópolis (RJ). Concluída as etapas da seleção, os aprovados não foram convocados. Agora a Prefeitura acaba de lançar um novo edital (19 ago. 2011) para uma nova seleção porque, tendo feito contatos (meses depois), verificou que quatro candidatos aprovados teriam desistido; e também porque precisaria de mais doze para formar um banco de espera.

A demora na realização do projeto, explica o edital, teria sido pelo atraso na liberação do recurso pelo Ministério da Cultura.
Com a nova seleção, ainda segundo o edital, o início das atividades de formação dos Agentes de Leitura está marcado para 09 de janeiro de 2012. Isso mesmo: 2012! Por causa de quatro agentes que estão faltando, os outros vinte que já estão aptos (do edital de 2010) terão que esperar 2012 para começar! Mas se forem vencidos pelo cansaço, já haverá doze no banco de espera para os substituir...

É verdade, então, que o projeto do Ministério da Cultura em parcerias com estados e municípios está atrasado nacionalmente.

O que você acha: Cultura pode esperar?
Até quando?

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