domingo, 28 de agosto de 2011

Por uma política com ética


Ponto de vista - 28 ago. 2011

O destaque de hoje é do artigo dominical de Frei Betto, intitulado "Corrupção na política", publicado na página 22 d'O DIA de hoje. O grifo é nosso.


"A política brasileira sempre se alimentou do dinheiro da corrupção. Isso não envolve todos os políticos: muitos são íntegros. Porém, as campanhas são caras, o candidato não dispõe de recursos ou evita reduzir sua poupança, e os interesses privados no investimento público são vorazes.

Arma-se, assim, a maracutaia. O candidato promete, por baixo dos panos, facilitar negócios privados junto à administração pública. Como por encanto, aparecem os recursos de campanha. Eleito, aprova concorrências sem licitações, nomeia indicados pela iniciativa privada, dá sinal verde a projetos superfaturados e embolsa o seu quinhão, ou melhor, o milhão.

Conhecemos a qualidade dos serviços públicos. Basta recorrer ao SUS ou confiar os filhos à escola pública. E ver ruas e estradas esburacadas. A impressão que se tem é que o dinheiro público não é de ninguém. É de quem meter a mão primeiro. E são raros os governantes que, como a presidenta Dilma, vão atrás dos ladrões.

Acredito na ética da política. Ou seja, criar instituições e mecanismos que inibam quem se sente tentado a corromper ou ser corrompido. As instituições devem ser fortes, as investigações, rigorosas, e as punições, severas. A impunidade faz o bandido. E, no caso de políticos, ela se soma à imunidade.

As escolas deveriam levar casos de corrupção às salas de aula. Incutir nos alunos vergonha de fazer uso privado dos bens coletivos. Já que o conceito de pecado deixou de pautar a moral social, urge cultivar a ética como normatizadora do comportamento. Desenvolver em crianças e jovens a autoestima de ser honesto e de preservar o patrimônio público".

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